A Bíblia diz:
“Quando o justo governa, o povo se alegra” (Provérbios 29:2)
Entretanto, muitos cristãos ainda dizem:
“Quando o justo governa… se corrompe”
Sei que este é um assunto polêmico, mas gostaria de analisar alguns dos principais argumentos contrários ao envolvimento do cristão na política, a luz da Palavra de Deus.
Alguns dizem:
– “A política é muito suja e o cristão não deve se envolver”
A Bíblia diz: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” (Mateus 5:14-16)
Os cristãos são a luz do mundo e o sal da terra, devemos nos envolver sim, aliás, o fato de haver tantos escândalos no meio político é justamente devido à ausência de mais pessoas honestas e íntegras. Se nós aplicássemos os princípios cristãos na política, com certeza ela não teria chegado ao nível em que se encontra hoje.
– “A política é um meio muito corrupto, é impossível não se corromper”
Será que o ambiente político da babilônia ou no reino medo-persa, onde Daniel estava, não era corrupto? Com certeza não era muito diferente do que vemos hoje. A ponto dos presidentes e príncipes armarem uma cilada para Daniel fazendo o rei Dario assinar um decreto de que ninguém poderia adorar outro deus a não ser o imperador. (Dn 6: 6-9)
Entretanto, Daniel se manteve íntegro e fiel, por uma simples razão:
“E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia.” (Daniel 1:8)
O problema de muitos “evangélicos” que se envolvem com a política, não está no grau de corrupção ou degradação em que o ambiente se encontra, mas sim no comprometimento que eles tem com o seu Deus.
Caso contrário, não poderíamos ter cristãos autênticos como advogados, policiais, empresários, ou até mesmo contadores, como é o meu caso. Pois em todos os segmentos da sociedade existe o risco de nos corrompermos, depende unicamente da posição que tomamos.
– “Um vereador, deputado, prefeito ou até presidente cristão não vai fazer diferença nenhuma”
Será que José não fez diferença no Egito? A Bíblia diz: “Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra para vos preservar a vida por um grande livramento.” (Geneis 45.7)
O que dizer então da história de Israel? Quando o Rei temia ao Senhor todo o povo era abençoado, mas quando ele virava as costas para o Senhor, muitos se desviavam também.
Temos muito exemplos de servos de Deus que ocuparam importantes cargos de autoridade e literalmente mudaram a história. É claro que para influenciar a nossa geração não é necessário desempenhar um cargo político, o fato é que precisamos de homens de Deus em todos as esferas da sociedade, e a política não deve ser exceção.
– “O Senhor é quem remove os reis e os estabelece”.
Quanto a isso eu concordo plenamente, pois a própria Bíblia assim o afirma em Daniel 2:21. Sem dúvida nenhuma foi o Senhor que escolheu José para ser administrador no Egito (Gn 45:7-8) e também Davi para ser rei de Israel (1 Sm 16:12), assim como muitos outros servos ao longo da história.
Usar este versículo para dizer que não precisamos fazer nada, pois Deus já decidiu quem vai governar, não faz o menor sentido. Deus procura pessoas que estejam dispostas a servi-lo e fazer a sua vontade aonde Ele o desejar. Seja cuidando de ovelhas, ou administrando um reino; tanto na prisão, como no palácio de Faraó.
Só há uma coisa que a Bíblia ordena que o cristão deve literalmente fugir: da carne (1 Co 6:18), quanto ao mais, até mesmo o Diabo ela diz para resistirmos (Tg 4:7). Não podemos nos acovardar, temos de encarar de frente esta questão, se há muita sujeira no meio político, precisamos limpá-lo, se há trevas, precisamos ser luz. Pois, se nós não o fizermos quem o fará?
Que Deus nos abençoe nesta difícil tarefa!
Eduardo Muller Reck
Mestre em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social, Bacharel em Ciências Contábeis, Gerente de Controladoria da Fundação Universidade de Cruz Alta.