Uma organização criminosa, que tem como núcleo uma família especializada em burlar certames licitatóricos, foi alvo de uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público nesta quinta-feira (16) em Cruz Alta e outras cinco cidades do Rio Grande do Sul.
A investigação chamada de Succedere aponta para a suspeita de lavagem de dinheiro proveniente de crimes licitatórios e crimes contra a ordem econômica e tributária. O grupo teria movimentado R$ 565 milhões, que foram bloqueados de 57 contas judiciais.
As ordens judiciais foram cumpridas nos municípios de Cruz Alta, Porto Alegre, Xangri-lá, Capão da Canoa, Tramandaí e Tupanciretã. O esquema criminoso se estendeu por mais de uma década, resultando em prejuízo ao erário e consequente lucro aos criminosos, o que permitiu que fosse constituído patrimônio importante.
No curso das investigações foi apurado que uma parte significativa desses valores foi sistematicamente lavado e de diversas formas. Contas foram abertas em nome de terceiros, veículos foram adquiridos e registrados em nome de “laranjas”, imóveis de luxo tiveram propriedade atribuída a pessoas da confiança dos protagonistas do esquema criminoso e, ainda, houve diversificação em investimentos variados, a exemplo da compra de parte do passe de jogadores de futebol, investimentos na construção civil e até em plantações de soja. Todas estas estratégias tinham o objetivo de afastar o dinheiro criminoso de sua origem espúria, dificultando a localização e recuperação pelo Estado.
Além do bloqueio de contas, o MP irá colocar em indisponibilidade 38 imóveis (avaliados em R$ 68 milhões) e da busca e apreensão de 28 veículos (avaliados em R$ 4.171.000,00). Foram 37 mandados de busca e apreensão em imóveis e empresas de investigados, buscando indícios de autoria e materialidade dos crimes investigados.
A organização criminosa figura como ré em aproximadamente 11 mil ações judiciais no ramo trabalhista, bem como gerou prejuízo em tributos ao erário na ordem de R$ 200 milhões. As empresas não pagavam os direitos trabalhistas de seus funcionários.
Fonte: Polícia Civil